domingo, 14 de outubro de 2012

Autor de ‘Avenida Brasil’ promete final surpreendente para Carminha.

João Emanuel Carneiro evita dizer que renovou o gênero com sua trama e aponta Adriana Esteves como a alma da novela.

Fonte: O Globo

RIO - Um altar para Adriana Esteves em sua casa. É o que promete, em um tom aparentemente sério, João Emanuel Carneiro. Apontada pelo autor como “a alma” de “Avenida Brasil”, a intérprete da vilã das 21h da Globo sequer foi a primeira opção dele para o papel, um dos grandes destaques da novela. “Graças a Deus foi ela”, revela, ao fazer um balanço da trama de maior repercussão dos últimos anos no horário, que chega ao fim nesta sexta-feira, com 179 capítulos. Mais jovem novelista do seleto time que escreve para as 21h, João, de 42 anos, garante só ter tido tempo para “escovar os dentes e dormir” nos últimos meses — ok, ele conseguiu ir uma vez ao dentista desde a estreia do folhetim, em 26 de março. A história da vingança de Nina (Débora Falabella), ambientada num subúrbio um tanto idealizado, o fictício Divino, ocupou sua cabeça praticamente em tempo integral. A seguir, o autor — que vibrou ao saber que, assim como seus personagens ao fim de cada capítulo, também seria “congelado” na capa desta edição da Revista da TV — confessa ser um analfabeto digital e adianta alguns desfechos da trama, que tem direção-geral de Amora Mautner e José Luiz Villamarim.

Você escreveu a novela que queria?

Tive uma antena boa de sacar o momento do Brasil. A ascensão da nova classe média que está dando uma cara diferente ao país. A novela é sobre a classe C, mas não só para a classe C. São coisas diferentes.

“Avenida Brasil” é a sua melhor novela?

Eu acho que sim. É a minha novela mais orgânica. Todos os personagens se interligaram. Mas eu gosto muito de “A favorita”. Ali tinha uma ideia muito louca, até mais ousada do que a desta.

Acredita que a sua novela renovou o gênero?

Não posso dizer que renovei senão vou me “achar” muito. Não tinha essa ambição. Só pensei em fazer um trabalho do meu jeito.

Você se preocupou em aliviar a trama central, que trata de uma vingança?

Consegui lidar com material muito pesado, dramático. Mesmo assim tirei um lado de humor, de crônica, que deu um colorido mais humorado ao folhetim. A história é pesada, uma tragédia, mas mesmo assim até a Carminha e o Tufão tiveram um humor. O elenco entendeu o texto. Se não, poderia ter caído num dramalhão mexicano.

É difícil manter o interesse do público durante meses?

Foi tudo feito à custa de muito esforço. É difícil. As novelas deveriam ter diminuído de tamanho. Eu lutei para escrever uma novela um pouco menor, com 179 capítulos.

Algumas pessoas falam “vou ver Carminha” em vez de dizer “Avenida Brasil”. Essa é a novela da Carminha?

Vou sistematizar a Adriana Esteves e fazer um altar na minha casa para ela (risos). Ela foi a alma dessa novela, é um animal da atuação. As caras que ela faz... É muito carismática e humanizou essa vilã. E nem era a minha primeira escolha para o papel. Mas, depois, fui eu quem a escolhi. Graças a Deus.

A novela tem muitos personagens ambíguos. Suelen é uma que ganhou a simpatia do público apesar de não ter escrúpulos...

Ela é a vagabunda mais querida do Brasil. É mesmo um paradoxo o caso da Suelen. Ela é ambivalente, sem escrúpulos, a messalina errática. Por isso, a fiz se envolver com o gay, para ela ganhar definitivamente a simpatia do público.

Por que não deixou claro que o Roni era gay?

Não sei se ele sabe que é. Roni parece mais um enrustido. Mas no final você vai ver!

Roni poderá ficar com a Suelen e o Leandro? Mas o Leandro teria que se descobrir bissexual, não é?

Tem essa possibilidade de os três terminarem juntos no final. Mas ficará uma coisa subentendida.

Como avalia o trabalho da Débora Falabella?

Eu não posso imaginar outra atriz neste papel, que é muito difícil. Nina tinha que ser uma pessoa com o Max, outra com o Jorginho. Tinha que ser vingativa e passar seu conflito.

Pensou em juntar a Nina e o Tufão em algum momento?

Tive muita vontade de juntar os dois. Fiquei muito em dúvida. Mas o personagem já é tão conturbado. Se fosse por esse lado, ela seria muito torta. Seria um caminho sem volta.

Afinal, por que a Nina não armazenou as fotos do flagra do Max e da Carminha em um pen drive?

Eu sou um analfabeto virtual. Tenho que mudar. Não sei comprar nada, nem pagar conta, nem baixar música pela internet. Achava que era uma pessoa normal, mas não sou (risos). Eu sou uma ave rara realmente. Na minha próxima novela vou ter um hacker como personagem. Mas, apesar de tudo, “Avenida Brasil” é uma ficção, e a ficção te compra de tal maneira que você embarca.

A novela acontece em paralelo nas redes sociais. Você também acompanha a trama conectado à internet?

A novela tem esse poder de juntar as pessoas em torno de um único assunto. É a vocação do gênero. Quero passar a assistir às minhas conectado à internet, mas acho um pouco perigoso. Fico com medo de ser influenciado para o bem e para o mal. Mas na próxima pretendo fazer esse exercício.

Por que a Nina não estava presente quando Carminha foi expulsa da mansão?

Afinal, a vingança é dela...Guardei o embate entre as duas para o fim. O desfecho da Carminha vai ser surpreendente.

O que podemos esperar nesta última semana?

O último capítulo terá 70 minutos de duração a pedido da emissora. Teremos o “quem matou?” do Max e muita coisa ainda vai acontecer.

Vai tirar férias agora?

Sim, mas nem viajar eu viajo. Estou cansado até para isso

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